Para Quem Realmente Vivemos? Pra nós ou para Deus?
Fazendo Tudo para a Glória de Deus
Vivemos dias em que muitas vezes a fé é relegada a momentos pontuais, enquanto grande parte da vida é guiada por objetivos próprios e desejos pessoais. Mas será que realmente estamos vivendo para Deus ou apenas satisfazendo nossas próprias vontades? Essa é a questão central que Deus levanta ao seu povo em Zacarias 7:5-6, onde, após 70 anos de cativeiro na Babilônia, Ele os questiona: “Acaso foi mesmo para mim que jejuastes?” Esse versículo é um chamado profundo para refletirmos sobre quem está no centro das nossas ações – Deus ou nós mesmos?
A prática do jejum e das ofertas era constante durante esses anos de escravidão, mas Deus revela que o verdadeiro problema não estava na ação em si, mas na intenção por trás dela. Eles jejuavam por um período, mas viviam o restante do tempo de forma egoísta e distante de Deus. Charles Spurgeon, um renomado pregador, certa vez disse: “A santidade não consiste em tomar decisões extraordinárias em ocasiões especiais, mas sim em fazer pequenas escolhas cotidianas de acordo com a vontade de Deus.” Esse pensamento de Spurgeon ecoa o que Deus estava dizendo a Israel: Ele deseja que nossa vida inteira – não apenas momentos isolados – seja uma oferta de louvor a Ele.
No Novo Testamento, vemos uma situação semelhante quando Paulo repreende a igreja de Corinto por suas práticas egoístas durante a Ceia do Senhor. Eles se reuniam para recordar o sacrifício de Cristo, mas ao invés de honrar a ocasião, alguns estavam mais focados em encher seus estômagos, deixando outros sem nada. Paulo então adverte: “Quer comais, quer bebais, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios 10:31). Esta é uma instrução que vai além de uma refeição específica; ela abrange todas as áreas da vida. Paulo destaca que cada ato – seja ele grandioso ou rotineiro – deve ser feito com o propósito de glorificar a Deus, não de servir a nós mesmos.
Essa transformação de foco exige uma mudança de mentalidade. Em A Imitação de Cristo, o teólogo Tomás de Kempis enfatiza a importância da renúncia própria para seguir verdadeiramente a Deus. Segundo Kempis, a essência da vida cristã está em “negar a si mesmo” e “tomar a sua cruz“. Viver para Deus envolve mais do que um sacrifício pontual ou um momento devocional; é uma entrega diária. Isso nos leva a perguntar: temos usado nossos talentos, nosso tempo e nossos recursos para a glória de Deus ou para o nosso próprio conforto?
Viver para a glória de Deus não é apenas uma disciplina religiosa, mas uma resposta amorosa a um Deus que nos ama com profundidade e misericórdia. Ele deseja não só nosso tempo, mas nosso coração, nossa adoração e nosso serviço. E para aqueles que buscam um aprofundamento nesse tema, o livro O Deus Pródigo, de Timothy Keller, é uma excelente leitura. Nele, Keller explora o caráter transformador do amor de Deus e nos desafia a abandonar uma vida centrada em nós mesmos para viver em comunhão plena com Ele.