Entenda quem eram os publicanos, por que eram considerados pecadores e como Jesus desafiou as convenções ao se aproximar deles.

Os publicanos ocupavam um lugar polêmico na sociedade da época de Jesus. Mas, por que Jesus escolheu estar entre eles?

Quem eram os publicanos na época de Jesus?

Os publicanos eram cobradores de impostos contratados pelo Império Romano. Por sua função, eram rejeitados por seus conterrâneos judeus, que os consideravam traidores. Flávio Josefo, historiador do século I, descreveu os publicanos como figuras desprezadas por sua conivência com Roma e suas práticas corruptas.

Além de recolher os impostos, muitos publicanos enriqueciam ao exigir quantias extras. Eles exploravam os mais pobres, o que intensificava o ódio popular. Essa corrupção era condenada pelas leis judaicas, que consideravam injusta qualquer prática que oprimisse o próximo.

Por que os publicanos eram considerados pecadores?

Os publicanos representavam o que havia de mais corrupto e pecaminoso na sociedade judaica. Seu vínculo com o poder romano os colocava como inimigos da fé e da moral judaica. O teólogo William Barclay, em seu comentário sobre Lucas, descreve os publicanos como “os párias sociais da época”.

Na tradição judaica, o pecado não era apenas uma falha moral, mas também uma violação da aliança com Deus. Os publicanos, ao servir Roma, violavam essa aliança, tornando-se impuros aos olhos dos fariseus e mestres da Lei.

Adicionalmente, suas práticas de extorsão os tornavam alvos de condenação nos ensinamentos da Torá. A injustiça cometida pelos publicanos era condenada em passagens como Êxodo 22:25-27, que proíbe a opressão ao necessitado.

Por que Jesus se aproximava dos publicanos?

Jesus quebrou paradigmas ao acolher publicanos. Ao contrário dos fariseus, que evitavam contato com pecadores, Jesus os via como almas necessitadas de salvação. Como afirmou o teólogo alemão Joachim Jeremias, Jesus demonstrou que “a misericórdia de Deus não conhece limites”.

Em Mateus 9:12-13, Jesus declarou: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes.” Essa declaração reflete sua missão de buscar e salvar o que estava perdido (Lucas 19:10). Para Jesus, os publicanos não eram casos perdidos, mas pessoas dignas de redenção.

O convívio de Jesus com publicanos também desafiava as estruturas religiosas da época. Para o teólogo britânico N.T. Wright, essa atitude revelava que o Reino de Deus estava aberto a todos, independentemente de seu status moral ou social.

Zaqueu, o publicano transformado

Zaqueu é um exemplo notável de como a graça de Jesus podia transformar vidas. Relatado em Lucas 19:1-10, Zaqueu era chefe dos publicanos e acumulava grande riqueza. Apesar de sua posição, ele era desprezado por sua comunidade.

Ao ouvir que Jesus passaria por Jericó, Zaqueu, movido por curiosidade, subiu em uma figueira para vê-lo. O gesto inesperado de Jesus, ao convidar-se para a casa de Zaqueu, gerou murmúrios entre a multidão. Contudo, a resposta de Zaqueu foi notável: ele se arrependeu e prometeu devolver quatro vezes mais a quem havia defraudado.

O gesto de Zaqueu demonstra um arrependimento sincero, alinhado aos princípios de restituição presentes na Lei de Moisés (Êxodo 22:1). Como observa John Stott, essa história exemplifica como a graça divina não apenas perdoa, mas também transforma o coração humano.

O que podemos aprender com os publicanos?

A inclusão dos publicanos no ministério de Jesus ensina lições profundas sobre compaixão e graça. Jesus enxergava além das falhas humanas, oferecendo uma oportunidade de mudança. Essa postura confronta a inclinação humana de julgar e excluir.

O teólogo americano Timothy Keller destaca que “o Evangelho não é para os que se acham justos, mas para os que reconhecem sua necessidade de um Salvador”. Assim como Jesus acolheu os publicanos, os cristãos são chamados a viver em amor e misericórdia, rejeitando preconceitos e abraçando a reconciliação.

Publicanos e fariseus: um contraste de atitudes

A parábola do fariseu e do publicano (Lucas 18:9-14) ilustra o contraste entre a religiosidade hipócrita e a humildade genuína. O fariseu orava exaltando sua justiça, enquanto o publicano clamava por misericórdia.

Karl Barth, um dos maiores teólogos do século XX, argumenta que essa parábola exemplifica a inversão do Reino de Deus. O publicano, apesar de seu passado, foi justificado por sua atitude de arrependimento.

Essa história ressalta a importância de reconhecer a própria falibilidade diante de Deus, evitando o orgulho espiritual que muitas vezes acompanha a religiosidade.

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Recomendo o livro Graça Abundante de John Bunyan. Esta obra aborda o poder transformador da graça, ideal para quem deseja compreender melhor o coração de Deus.


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